Qual o impacto da Inteligência Emocional no seu dia-a-dia?

“Conseguir moldar uma estátua e dar-lhe vida

É belo

Moldar uma inteligência e dar-lhe liberdade

É sublime.”

Victor Hugo

A Inteligência Emocional e o cérebro emocional

Molde e desenvolva a sua Inteligência Emocional através do autoconhecimento, motivação, otimismo e autodomínio. No filme “Ligações Perigosas”, a protagonista, Glenn Close no papel da Marquesa de Merteuil, desafia o seu amigo, o Visconde de Valmont, representado por John Malkovich, a iniciar um perigoso jogo de sedução com vista a vingar-se de um antigo amante. Demonstra um autodomínio que a ajuda a ocultar habilmente os seus sentimentos. Revela, num determinado momento, que o seu autocontrolo resulta de uma educação rigorosa que inclui práticas exigentes que lhe refreiam os impulsos e adiam a gratificação.

Daniel Siegel, fundador da neurobiologia interpessoal, revela a existência de um cérebro social. Esta estrutura é um conjunto intrincado de circuitos neuronais que atuam na sintonização e relação com o outro, e que tem especial influência, quer na identificação dos próprios estados emocionais, quer na compreensão e vivência do que o outro sente e pensa.  Neste processo de sentir e perceber as emoções alheias estão envolvidos os neurónios espelho – células no sistema nervoso – que foram descobertos casualmente no final da década de 1990 pela equipa de Giacomo Rizzolatti, e aos quais se atribui um papel crucial no desenvolvimento das competências sociais (constata-se uma redução dos neurónios espelho nas pessoas com autismo).

As competências pessoais (autoconhecimento, autocontrolo e motivação) constituem três pilares da Inteligência Emocional e são alvo de um desenvolvimento contínuo ao longo da vida. Estas influenciam a relação com os outros, em particular no que respeita à empatia e outras habilidades sociais, e constituem o que alguns chamam Inteligência Social ou competências sociais.

As qualidades sociais da Inteligência Emocional

“Em última análise, precisamos amar para não adoecer.” 

Sigmund Freud

Tem uma natureza humana que é social e que o impulsiona para a ligação e relacionamento com as outras pessoas. É na capacidade de olhar para o outro que aprende a amar;  é na sua relação com as pessoas que aprende ao longo da vida:  a comunicar, a dar e receber, a lidar com as situações, a relacionar-se, a tomar consciência de si e a ampliar a felicidade de cada momento da sua vida (uma alegria partilhada é uma felicidade redobrada). Precisa de amar para não adoecer.  Já não se trata de um imperativo moral, mas, sim, biológico: tem uma natureza, e em particular um cérebro social.

O cérebro e a neuroplasticidade.

O seu cérebro é modificado através de um mecanismo que é a neuroplasticidade. Este conceito surgiu por volta dos anos 80 para explicar a capacidade de adaptação à mudança. 

O seu cérebro é modificado no tamanho e número das unidades que o constituem – os neurónios – e estabelecem-se novos caminhos entre estas unidades fruto da repetição das experiências. Contudo, de acordo com os especialistas, estes circuitos internos podem ser alterados com a repetição de experiência positivas. Estas experiências traduzem-se na sua mestria social, o que permite alterar não só a qualidade das suas relações como a dos circuitos neuronais internos no seu cérebro. 

Quais são os aspetos mais importantes nesta competência social? Em primeiro lugar a sua capacidade de demonstrar empatia e em segundo lugar revelar-se como alguém socialmente competente. 

Como tirar partido das emoções e desenvolver a Inteligência Emocional? 

Desenvolver a inteligência emocional deveria ser uma preocupação e prioridade. Já aqui falámos sobre as competências pessoais como autodomíniomotivação e maior autoconhecimento. Hoje vamos falar sobre as restantes qualidades da Inteligência Emocional, como a empatia e as competências sociais

Em 2006, Daniel Goleman diferenciou a Inteligência Emocional da Inteligência Social, incluindo nesta as competências sociais e a empatia.

 . Empatia

Compreende a natureza humana, percebe com facilidade o que outro pensa e sente habitualmente, e transmite um interesse genuíno pelas preocupações das outras pessoas. Se assim for é uma pessoa empática. Deste modo, consegue ligar-se emocionalmente à outra pessoa com facilidade, o que o ajuda a relacionar-se melhor. Contudo, se exerce uma função de liderança, familiar ou numa organização, a sua empatia tem efeitos mais abrangentes. 

Enquanto membro de uma equipa, líder da mesma ou de uma família, precisa de cultivar a empatia para lidar com a diferentes tipos de pessoas, gerações, culturas ou diferentes competências. Mas, não basta a empatia, precisa de ter consciência política: ser hábil a detetar as relações de poder e influência entre as diversas pessoas, ou seja, perceber quem manda ou influencia quem. 

Porém, uma das grandes qualidades da empatia, um aspeto diferenciador de qualquer líder, de acordo com Danah Zohar – autora do livro “Inteligência Espiritual” – é o espírito de serviço: ser capaz de antecipar, identificar e ir de encontro às necessidades dos outros. Um exemplo extremo de empatia pode ser representado pelo secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), liderada atualmente por António Guterres. Este antigo primeiro ministro português, e que neste papel perdeu a sua influência e eficácia talvez por um excesso de empatia, tem aplicado muitíssimo bem neste novo contexto as suas capacidades empáticas tornando-o um líder de excelência a nível mundial.

. Competências Sociais

Pense nalguém que considere competente socialmente. Identificará uma pessoa com facilidade de comunicação, que sabe ouvir, é convincente, de forma que pode dizer que “é alguém que leva sempre a água ao seu moinho”. Constatará que influencia facilmente os outros numa determinada direção que cria ligações com um interesse ou finalidade mantendo a integridade, pois não utiliza ou manipula os outros.

Um líder sem competências sociais poderá ser um investigador que transforma uma determinada área de conhecimento – como por exemplo, Louis Pasteur, investigador a quem se deve o trabalho pioneiro de prevenção das doenças -, mas terá bastante dificuldade em transformar a visão dos outros e a estabelecer laços, que mobilizem a energia e a vontade dos demais.

Para inspirar e guiar um grupo de pessoas, resolver desacordos, iniciar mudanças, cooperar e criar sinergias numa equipa, são necessárias várias qualidades sociais. Daniel Goleman considera que são bastante interrelacionadas, apesar de cada uma contribuir para um resultado específico. Identifica as seguintes componentes de uma competência social: comunicação, influência, gestão de conflitos, liderança, catalisar mudanças, criar laços, cooperar e ter capacidade de equipa.

Qual o impacto da Inteligência Emocional no seu dia-a-dia?

A sua Inteligência Emocional e a daqueles com quem se relaciona influencia várias áreas da sua vida. O seu otimismo, parente da esperança e sucedâneo da motivação, influencia tremendamente o seu grau de satisfação emocional na vida e no trabalho. Nos seus relacionamentos íntimos, a Inteligência Emocional pode prevenir muitas separações e também a sua satisfação nas relações. A satisfação, o grau de compromisso, a motivação e desempenho daqueles que lidera ou das pessoas que influencia, aumenta quanto maior a sua Inteligência Emocional.

Inteligência Emocional e liderança virtuosa

A Inteligência Emocional traduz um conjunto de qualidades essenciais à liderança e aproxima-se de um conceito inovador de mesma: a liderança virtuosa, cujo autor é Alexander Havard e que a divulgou em maior escala a partir de 2007.

Qualquer um pode exercer uma liderança virtuosa, desde que tenha uma missão de grandeza de coração (que o leva a desafiar a si e aqueles que o rodeiam) ao mesmo tempo que faz o que dele se espera, movido por um espírito de serviço. O exercício deste tipo de liderança é virtuoso, pois decorre do esforço de qualidades da inteligência, vontade, coração, ou hábitos que se adquirem mediante a repetição dos atos.

Talvez valha a pena pensar em exercer uma liderança virtuosa para desenvolver a sua Inteligência Emocional e a dos outros. Afinal, seja no âmbito pessoal ou profissional, a Inteligência Emocional é aquela que tem um maior impacto no equilíbrio entre trabalho-vida-família. Parafraseando Daniel Goleman, podemos dizer que a Inteligência Emocional é aquela que mais contribui para as qualidades que nos tornam humanos.

Se quiser aplicar o seu potencial, quer no desenvolvimento da sua Inteligência Emocional, quer nas suas capacidades de liderança, poderá contactar-me.

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